O QUE PODEMOS FAZER ANTES DE SER ARRASTADO PELO TSUNAMI DIGITAL?

6 de dezembro de 2022

O empresário e professor canadense David R. Beatty é considerado um dos grandes especialistas em governança corporativa no mundo – com uma longa carreira acadêmica e nos negócios que lhe rendeu a condecoração da Ordem do Canadá, é atualmente professor de Estratégia na Escola de Administração Rotman, da Universidade de Toronto, e presidente do Centro de Inovação em Governança Sharon & David Johnston. Beatty tem focado seu trabalho em auxiliar as empresas a avançarem em governança digital e o que podemos fazer antes de ser arrastado pelo tsunami digital?

O professor esteve no Brasil para o 23º Congresso do IBGC, onde falou sobre o “tsunami digital”: as mudanças que vêm para as empresas em alta velocidade, e que exigem adaptação antes de que sejam “carregadas pela onda”.

Embora seja difícil prever o futuro, alguns caminhos podem ser adotados pelas companhias para estar no processo, como incluir em seus conselhos pessoas jovens e acostumadas a lidar com a tecnologia, ter laboratórios de inovação, analisar como o cenário digital pode afetar questões como cadeias de fornecimento ou marketing e, caso necessário, copiar as inovações de outras empresas rapidamente.

Em entrevista ao Estadão após sua palestra, Beatty explica o conceito, fala de diferenças culturais entre os conselhos em diferentes países e demonstra desconfiança nos conceitos ESG.

Pode explicar o que é o tsunami digital?

Você veio para cá de Uber? O que aconteceu com as companhias locais de táxi? Novas tecnologias, novas formas de prover um serviço, mais eficiente e mais personalizadas, levaram as companhias de táxi ao redor do mundo a sumirem. Há uma tonelada de caso o que podemos fazer antes de ser arrastado pelo tsunami digital? eu não estou pensando nelas claramente no momento, mas o da Uber é um, o da Airbnb é outro. O [Hotel] Marriott de Toronto, pensou: “O que eles tão fazendo, quantos negócios nós perdemos para o Airbnb e por quê? Quais são as coisas que são atrativas para os clientes lá? Quais coisas não são atrativas aqui e podemos trabalhar para melhorar?”. Ainda é um trabalho em andamento, mas aprender sobre o Airbnb, sua mecânica e seus detalhes é um componente importante para seu futuro.

Quais dicas daria para as empresas não serem arrastadas pelo tsunami?

Elas devem ir atrás de diretores jovens, devem pegar diretores que sejam experts no tsunami digital, devem pensar em criar empresas de “venture capital”, e acho que precisam fazer alguma coisa, qualquer coisa. Só comece e vá em frente, não espere. Se não, serão superados. Então, comece. Alguns conselhos começaram como um conselho de banco no Canadá, e conselhos de banco são inacreditavelmente burocráticos. E eles tem uma estrutura acima para garantir que as decisões sejam sãs. É realmente uma organização voltada para o compliance. O líder de uma organização levou os conselheiros três vezes para o Vale do Silício para “bater suas cabeças na parede”, para mudar o mindset que toda a empresa tinha. “[O pensamento era] Isso pode ser verdade, mas eu quero que vocês vejam o que está acontecendo lá” – e os levou três vezes.

Como as questões culturais de cada país afetam a liderança das empresas?

Os países têm culturas próprias para seus conselhos. Os Estados Unidos diferem do Canadá, do Reino Unido; a Alemanha é completamente diferente. Não adianta ir para a Arábia Saudita e falar do que acontece em Dubai ou no Catar. São mundos diferentes. Cada nação tende a colocar suas estruturas nas empresas, nos conselhos e na legislação, de acordo com sua cultura.

Pode dar alguns exemplos?

Na Alemanha, há dois níveis para os conselhos: o de supervisão e o de gerenciamento. Nós [no Canadá] temos apenas um, o de diretores. Na Alemanha, o conselho de supervisão precisa ter 20 membros, não podem ser oito, dez, 12 ou 15. Por lei, tem que ser 20, e dez deles tem que ser de sindicatos. Nos Estados Unidos, se você colocar alguém de um sindicato no conselho, eles vão te dizer: “Vamos lá, fala sério”. Essa é uma diferença muito grande. Na Arábia Saudita, a maioria das empresas são lideradas pelas famílias. As empresas governamentais têm conselhos familiares. Você olha para os nomes e pergunta: “Ele é parente de alguém?”, e dizem que é sobrinho de alguém. Sempre há um caminho de volta para a família. Eles são muito orientados para a família. Na China, é orientado para o Partido Comunista, não se pode fazer nada sem que o representante do partido dê a bênção dele.

Há alguma particularidade que o senhor conheça das empresas brasileiras?

Eu não sei o suficiente das companhias no Brasil, mas sei que o IBGC tem um olhar bastante agressivo. Então vim aqui a convite deles para falar com eles sobre algo que realmente acho que pode transformar todo mundo. Eu diria que o IBGC é bem ativo. Uma pequena diferença é que, no Canadá, se uma coisa boa é feita em Toronto, existirão outros diretores naquele conselho que levarão a outras companhias, e a boa ideia tende a migrar por si própria através do Canadá. Nos Estados Unidos, eles vão dizer: “Eu não ligo para o que eles estão fazendo, é problema deles”. É muito mais no “vamos fazer do nosso jeito”. Um exemplo: no índice S&P 500, 40% das empresas têm o mesmo CEO e diretor. Isso não existe em outros lugares. As pessoas diriam: “Você não pode ter a raposa guardando o galinheiro”. Há diferenças importantes de país para país.

Qual é a sua opinião sobre a pauta ESG?

Dura. ESG é uma bom pano de fundo para fazer quando se está contratando, mas não funciona no longo prazo. É simplesmente complicado demais. Há, se eu não me engano, 185 CEOs americanos de companhias listadas em bolsa que assinaram um documento chamado “The Business Roundtable Declaration”, dois anos atrás. Eles diziam que as empresas devem ser mais atentas aos clientes, às cadeias de fornecimento, às comunidades, às pessoas. Lucian Bebchuk, professor de Harvard, olhou para a declaração, para o que eles realmente diziam, e no final não era nada. No Canadá, as pessoas indígenas falam sobre as não indígenas: eles dizem uma coisa, mas fazem outra. Há muita atividade nessa frente, mas é um “farol na colina”, que não tem muita implementação no final. O tsunami digital e o ESG são assuntos completamente diferentes.

Em que ponto as empresas podem avançar no relacionamento com stakeholders?

Uma grande quantidade de companhias falhou em ter auditores profissionais experientes nelas. Toda empresa precisa ter alguém que trabalhou em gerência de riscos, sabe o que isso é, e essa pessoa deve estar no conselho e liderar o comitê de riscos. Essa presença nos conselhos ainda está em crescimento.

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A Portaria MTE nº 435, publicada em 20 de março de 2025 , regulamenta os critérios e procedimentos operacionais para os empréstimos consignados em folha de pagamento, conforme previsto na Lei nº 10.820/2003, atualizada pela MP nº 1.292/2025 . O texto traz definições importantes, requisitos para habilitação das instituições financeiras, limites de margem consignável, uso de tecnologia (como reconhecimento biométrico) , e a operacionalização por meio da Plataforma Crédito do Trabalhador. Além disso, detalha regras para simulações, portabilidade, renegociação, rescisão de vínculo empregatício e desistência contratual, reforçando a proteção ao trabalhador e a transparência nas operações. Acesse no botão com a portaria completa: 
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O Supremo Tribunal Federal reconheceu que o debate sobre pejotização tem impacto nacional e suspendeu todos os processos que tratam do tema até que o caso seja julgado definitivamente. A decisão envolve três pontos centrais: Se a Justiça do Trabalho pode julgar fraudes em contratos civis; Se é legal contratar um profissional como PJ mesmo com características de vínculo empregatício; Quem deve provar se houve ou não fraude — a organização ou o trabalhador. Essa decisão é especialmente relevante para o Terceiro Setor, onde é comum a contratação de profissionais como PJs. No entanto, se esses profissionais: Têm jornada fixa, Recebem ordens diretas, Trabalham exclusivamente para a organização, E não possuem autonomia... ...isso pode configurar vínculo empregatício disfarçado. 📌 Por que isso importa? Porque além de riscos jurídicos, essa prática pode afetar a imagem e os valores da sua OSC. Segurança jurídica também é compromisso social. 👉 Agora é a hora de revisar contratos, práticas e garantir que sua organização esteja em conformidade com a lei. A GBACONT está pronta para te apoiar nesse processo, com conhecimento técnico e sensibilidade ao contexto das organizações sociais. 📥 Clique aqui e baixe o conteúdo completo.
Por Grace Almeida 11 de abril de 2025
E isso não é só teoria. É realidade. Planejamento não é luxo. É o que transforma intenção em resultado. Organizações como o ChildFund Brasil captaram milhões por meio de campanhas estruturadas, com começo, meio e fim bem definidos. Plataformas como a Kickante já movimentaram mais de R$300 milhões em doações no Brasil. Ou seja: com clareza, processo e estratégia, a captação acontece de verdade. Comece com um objetivo claro Toda boa campanha de captação começa com uma pergunta simples: Pra quê você quer captar? A partir dela, você precisa definir: Quanto você precisa? Em quanto tempo? Para qual finalidade? Sem clareza, não há confiança. E sem confiança, não há doação. Estruture como vai captar Você vai captar recursos por onde? Pix? Plataforma de doação? Evento beneficente? E mais importante: como o doador vai saber que pode confiar? A transparência, aliada à praticidade, é um dos principais fatores que aumentam a conversão. A contabilidade precisa estar dentro da campanha Sim, a contabilidade faz parte da captação! Pergunte-se: Como os recursos arrecadados serão registrados? Você vai emitir recibo de doação? Existe algum imposto envolvido? Se a campanha não está alinhada com a contabilidade da organização, ela pode virar dor de cabeça no futuro. A campanha começa antes… e termina depois Planeje todas as etapas com cuidado: Como será feita a divulgação? Como você vai agradecer os doadores? Como irá prestar contas de forma transparente? Cada uma dessas ações compõe a experiência do doador , e uma boa experiência gera novas doações no futuro. Conclusão Campanhas mal planejadas não apenas deixam de captar recursos. Elas comprometem a confiança em toda a organização. Salve este conteúdo e compartilhe com sua equipe para construir campanhas que realmente funcionam. E se quiser apoio na parte contábil, estamos aqui para ajudar você a crescer com segurança, clareza e impacto.
Por Grace Almeida 24 de março de 2025
Declarar o IR pode gerar muitas dúvidas , especialmente com as constantes atualizações e regras específicas que precisam ser seguidas. 🤨 No dia 27/03 10 horas, pelo Zoom, o Dr. Felipe , advogado tributarista, conduzirá um encontro exclusivo para esclarecer os principais pontos da Declaração do Imposto de Renda 2025. Assuntos que serão abordados: Declaração de offshores e suas regras Recolhimento do IR apurado em 2024 Prazos e formas de pagamento do imposto Doações: implicações e como declará-las Tributação sobre renda variável e investimentos ACESSE O LINK E CADASTRE-SE GRATUITO https://gbacont.com.br/imposto-de-renda-2025
Por Grace Almeida 24 de março de 2025
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Por Grace Almeida 20 de março de 2025
Passo a Passo para Realizar a AGO 1. Convocação A convocação deve obedecer aos prazos e meios definidos no estatuto da OSC , podendo ser realizada por edital, e-mail, site ou outros canais oficiais da organização. O documento de convocação deve conter: Data, horário e local da assembleia; Pauta com os temas a serem discutidos; Critérios de participação e votação. 2. Preparação da Assembleia Para garantir que tudo ocorra de forma organizada, é importante: Verificar o quórum mínimo necessário para validar as decisões; Organizar a lista de presença, que pode ser física ou digital; Definir a mesa diretora, composta pelo presidente e pelo secretário da assembleia; Disponibilizar documentos essenciais, como balanço financeiro, relatórios de atividades e a ata da assembleia anterior. 3. Realização da Assembleia Durante a assembleia, as seguintes etapas devem ser seguidas: Abertura: O presidente da mesa inicia a sessão e verifica o quórum; Apresentação da pauta: Cada item deve ser explicado e debatido entre os participantes; Votação: As decisões podem ser tomadas por aclamação, voto secreto ou outra forma definida no estatuto; Registro das deliberações: O secretário da assembleia deve anotar todas as decisões tomadas na ata. 4. Registro e Comunicação Após a realização da assembleia, é fundamental: Registrar a ata com as decisões tomadas, assinada pelo presidente e pelo secretário; Caso necessário, fazer o registro em cartório e enviar a documentação para órgãos reguladores; Comunicar as deliberações aos membros da OSC e garantir que as decisões sejam implementadas. Dica Extra Se a assembleia envolver a eleição da diretoria, é essencial organizar previamente a inscrição das chapas e verificar as regras de mandato no estatuto da OSC. Uma Assembleia Geral Ordinária bem organizada fortalece a transparência, a governança e a credibilidade da OSC . Ao seguir essas etapas, sua organização garante que todas as decisões sejam tomadas de forma clara e alinhadas às regras institucionais. Gostou dessas dicas? Compartilhe este conteúdo com outras OSCs para que mais organizações possam se beneficiar de uma governança mais eficiente!
Por Grace Almeida 13 de março de 2025
O período de declaração do Imposto de Renda 2025 está chegando, e muitas dúvidas podem surgir.
Por Grace Almeida 18 de fevereiro de 2025
O papel das OSCs (organizações da sociedade civil) na execução de políticas cresceu consideravelmente após a redemocratização do país. OSCs gerem equipamentos públicos de complexidade variada (parques museus, hospitais) cadastram beneficiários e proveem serviços socioassistenciais a públicos vulneráveis. Quando articuladas em redes, tais organizações operam programas associativos de alcance regional ou nacional para ampliar e tornar territorialmente capilar o acesso a serviços e benefícios públicos, como ocorrido com a rede de pontos de cultura (Programa Cultura Viva) ou com os programas 1 Milhão de Cisternas, Crédito Solidário ou Minha casa Minha Vida Entidades. Todos esses serviços e atividades são realizados mediante diferentes formas de contratualização com o Estado, como convênios, termos de colaboração e de fomento. Tais formatos envolvem a pactuação de entregas e serviços a serem prestados e público a ser beneficiado, tendo o repasse de recursos públicos como contrapartida. Para se ter uma ideia da magnitude das mudanças implicadas no crescimento dessas funções, é oportuno lembrar que, na virada dos anos 1990, o termo ONGs (organização não-governamental), estava predominantemente associado ao papel democratizador e de advocacy desses atores, e não a seu ao seu papel nas políticas públicas. Porém, a ampliação do papel da sociedade civil nas políticas públicas tornou-se alvo de disputa política nacional, em boa medida pelos recursos públicos implicados e pela definição de critérios capazes de garantir lisura e eficiência na sua alocação. Em 2001 foi instalada no Senado a primeira CPI das ONGs, orientada a investigar denúncias de irregularidades no uso de fundos públicos em determinadas áreas e regiões do país. De um ponto de vista geral, os dois anos de duração da CPI emitiram sinal claro: no discurso da classe política e na opinião pública, as organizações da sociedade viam se dissipar a aura de força democratizante herdada da transição. Cinco anos depois, o Senado instaurou a segunda CPI das ONGs, cujos trabalhos se estenderam por três anos (2007-2010) 1 . O fato determinado não era a publicização de denúncias de malversação de fundos públicos, mas a questão mais geral da liberação de recursos do governo federal para essas organizações, evidenciando que este ponto tinha se tornado delicado e demandava regulação mais específica. Diante da tendência geral de expansão do papel das OSCs na execução de políticas e das mudanças de conjuntura política, ora mais, ora menos favoráveis às OSCs, cabe perguntar: será que o volume de transferências segue padrões definidos pelas prioridades de governos federais ou é afetado pelos ciclos eleitorais ou por dinâmicas setoriais? Nenhuma das duas CPIs encontrou irregularidades generalizadas e a segunda foi um passo importante para avançar no desenvolvimento de uma regulação mais adequada ao perfil das OSCs. Em 2010, uma rede de mais de 100 organizações apresentou aos candidatos à presidência uma carta com uma “plataforma por um novo marco regulatório das organizações da sociedade civil”, que resultou a instituição de um Grupo de Trabalho que, ao longo de 4 anos de discussões junto aos três poderes, resultou na Lei 13.019/2014, conhecida como MROSC (Marco Regulatórios das Organizações da Sociedade Civil). Mesmo com nova regulação, durante os anos do Governo Bolsonaro algumas organizações voltaram a se tornar objeto de ataque seletivo, com tentativas de restrições de acesso a financiamento para organizações com atuação em temas ambientais, estudantis e sindicais, dentre outros. Diante da tendência geral de expansão do papel das OSCs na execução de políticas e das mudanças de conjuntura política, ora mais, ora menos favoráveis às OSCs, cabe perguntar: será que o volume de transferências segue padrões definidos pelas prioridades de governos federais ou é afetado pelos ciclos eleitorais ou por dinâmicas setoriais? A resposta, ao observarmos a evolução dos dados de repasse anual para entidades sem fins lucrativos (modalidade 50), é que não há uma correlação direta com ciclos eleitorais, embora algumas flutuações possam ser correlacionadas com momentos de crise política ou econômica. É preciso destacar ainda que as bases orçamentárias de acesso público apresentam limitações à consulta e elaboração de uma série precisa quanto ao volume de transferências federais para organizações da sociedade civil. A indisponibilidade de informações sistemáticas no nível de desagregação das transferências por CNPJ, principalmente para outras modalidades orçamentárias que não a Modalidade 50, no caso das transferências federais, impede rastrear recursos recebidos por OSCs por meio da Modalidade 90. Inconsistências também são observadas na forma de disponibilização dos dados ao longo do tempo, dificultando a completude de levantamentos que tenham como objetivo cobrir séries temporais mais longas, sobretudo anteriores ao ano de 2007. Feitas essas ressalvas e a partir dos dados apresentados, não se verifica uma clara correlação com ciclos eleitorais, havendo variações que podem estar relacionadas com diversos fatores políticos, econômicos e regulatórios. Porém, é possível afirmar que a crise política e econômica vivida no país a partir de 2015 alterou o padrão de transferências para OSCs. Outros fatores no período a serem considerados como fatores intervenientes sobre tais repasses são a entrada em vigor e regulamentação da Lei 13.019 a partir de 2016, bem como a expansão dos repasses por meio de emendas parlamentares, a partir de 2020. É preciso realizar novas análises no próximo período para verificar se haverá uma retomada do padrão anterior ou se, de fato, há um novo padrão estabelecido nos repasses do Estado para organizações da sociedade civil. Artigo por: Adrian Gurza Lavalle é professor no Departamento de Ciência Política, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (Universidade de São Paulo). Vice-diretor do Centro de Estudos da Metrópole, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Participa, Presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. Carla de Paiva Bezerra é doutora em ciência política (USP), membro da carreira de especialista em políticas públicas e gestão governamental e Diretora de Participação Digital na Secretaria-Geral da Presidência da República. Foi coordenadora do Mapa das OSCs (Ipea). Leticia Cavalcante dos Santos é graduada e mestranda em gestão de políticas públicas pela Each-USP (Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo). 
Por Grace Almeida 14 de fevereiro de 2025
Saiu a nova Resolução CNAS nº 182/2025 e tem mudanças importantes para quem atua no SUAS! Mas calma, a gente te explica o que realmente importa! O que mudou? Essa nova resolução substitui a antiga (nº 27/2011) e traz novas exigências para entidades que trabalham com assessoramento, defesa e garantia de direitos no SUAS. Se sua entidade tem CEBAS, é fundamental ficar de olho! 5 MUDANÇAS ESSENCIAIS Profissionais obrigatórios Não dá mais pra atuar só com voluntários. Agora, é obrigatório ter uma equipe multidisciplinar para garantir qualidade no atendimento. Inscrição no CNEAS Quer manter ou solicitar o CEBAS? Sua entidade precisa estar inscrita no CNEAS e comprovar que faz parte do SUAS. Novos grupos prioritários A resolução reforça a atenção para pessoas negras, indígenas, LGBTQIAPN+, migrantes, população em situação de rua, comunidades tradicionais e outros grupos vulneráveis. Prazo para regularização Se sua entidade já está inscrita nos Conselhos de Assistência Social, tem até 30 de abril de 2026 para ajustar tudo ao novo formato. Proibição de intermediação de mão de obra O assessoramento e a defesa de direitos não podem ser confundidos com intermediação de mão de obra. E agora? Se sua entidade tem CEBAS e quer continuar atuando dentro das novas regras, não deixe para depois! 💬 Tem dúvidas? Chama a gente! Podemos te ajudar a entender e aplicar essas mudanças. 📥 Baixe a Resolução completa aqui
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